''Hoje vivo feliz e em paz comigo'', Paulo Vaz homem trans

Foto: Lucas Ávila

Recentemente, Paulo Vaz, de 31 anos, também conhecido como Popô, –apelido que ganhou aos 7 anos de idade e passou a usar porque não gostava do seu nome feminino – foi modelo de um ensaio sensual que teve grande repercussão na mídia, principalmente na internet. Paulo, que exibiu suas formas masculinas, nasceu em um corpo de mulher. 

Durante dois anos, Popô passou por acompanhamento psicológico, consultas com psiquiatra e visitas em um endocrinologista para começar o processo de mudança de gênero. O processo incluiu tratamento hormonal com testosterona, que começou em janeiro de 2016, e uma mastectomia, procedimento de retirada da mama. Durante todo esse período Vaz recebeu o apoio da família. "Eles sabem pelo o que passei e quem eu sou'', afirma.

Todo o processo de mudança de gênero foi realizado pela rede particular de saúde. Paulo estima que tenha gasto R$ 15 mil com a cirurgia, médicos, medicamentos, passagem de avião, hospedagem, etc.

Paulo Vaz, ou Popô, é um homem transexual. Para ele ser um homem trans é ser um ''desconstruidor'' constante do que é ser homem nos dias atuais. Confira nossa entrevista com ele.

Quando você percebeu que era um homem transexual?

'Sempre fui homem transexual, mas só tive informação sobre a transexualidade e a possibilidade de mudança de gênero no final da faculdade com 25 anos, quando me ''assumi''. Hoje vivo feliz e em paz comigo.'

Qual era sua relação com o seu corpo antes do processo de mudança de gênero?

'Nunca senti confortável com o corpo que nasci. Vivia angustiado sem saber o motivo. Quando entrei na pré-adolescência socava meus seios, que estavam crescendo, debaixo do chuveiro até ficarem roxos, claro, tudo em vão! Fui em psicólogos por conta do meu ''jeito'' e roupas masculinas, mas elas complicaram ainda mais meu sentimento de rejeição com meu corpo. Já durante minha adolescência ficava irritado com qualquer coisa, era um adolescente rebelde. No início da fase adulta procurei 5 ginecologistas para retirarem meu útero, pois aquilo não me pertencia. Eu tinha uma menstruação longa e muita cólica. Porém todos os médicos alegaram ética e disseram que só fariam a cirurgia se eu tivesse algum câncer ou filhos.'
Hoje você é feliz com o seu corpo ou ainda existe algo que você mudaria? Você pretende realizar a cirurgia de resignação sexual?

'Sou feliz, mas ainda quero reduzir meus quadris, se não conseguir por meio da testosterona, vou fazer cirurgia. Estou bem assim e não pretendo fazer a cirurgia de resignação sexual.'
Como foi sua experiência em fazer uma ensaio sensual?

'Foi sensacional. No começo fiquei um pouco tímido porque estava praticamente nu na frente do fotógrafo, mas depois me soltei. Eu queria mostrar o que era ser um homem trans na intimidade, as cicatrizes da cirurgia de retirada da mama e as mudanças que a testosterona proporcionou.'

Para você qual é a importância dos homens trans terem mais visibilidade na mídia?

'A visibilidade na mídia não só para homem trans, mas também para as mulheres trans/travesti traz representatividade e funciona como ferramenta para as pessoas obterem informações do que somos, nossas necessidades e principalmente mais dignidade e apoio aos nossos direitos.'

Paulo antes do processo de mudança de gênero

Paulo ainda criança